O heavy metal talvez seja o
gênero musical com a maior “síndrome de underground” dentre todos os gêneros.
Ser etiquetada como “vendida” ou “comercial demais” é a maldição de qualquer
banda que comece a ganhar uma projeção maior do que tocar nos mesmos barzinhos
de sempre da região. Com isso em mente, é bom deixar claro logo de início:
”Inner Monster Out”, terceiro álbum da banda de Santos-SP “Shadowside” é um
disco voltado para o sucesso comercial. Todos os detalhes da produção seguem a
cartilha de como vender bem no Metal moderno. Desde as participações especiais
de nomes consagrados, passando pela produção limpa e polida, o grande trunfo de
usar uma garota como vocalista, as guitarras em afinações baixa e os refrões
“pula-pula”, tudo está lá, perfeitamente embalado e pronto pra exportação.
Mas, diferentemente da
grande maioria de bandas que seguem esse caminho, o Shadowside consegue, em
Inner Monster Out, um resultado de qualidade surpreendentemente boa. A começar
pelo truque de usar uma “musa” como vocalista, a grande sacada é não partir
para o lado operático/diva que muitas bandas usam por aí, os vocais aqui são
agressivos, potentes e seguem muito mais a linha do metal tradicional, sendo o
destaque extremamente positivo do disco. Os trabalhos na guitarra também
merecem atenção, pois apesar do timbre e dos riffs mais “modernosos”, os leads
e os solos têm uma pegada bem mais tradicional, que remetem aos nomes mais
clássicos do heavy metal. A cozinha também é bem funcional e precisa, tanto o
baixo quanto a bateria estão lá pra dar a sustentação e o peso necessários para
o desenvolvimento das músicas, sem tirar ou competir espaço com as guitarras e
os vocais, que são claramente os pontos focais da produção. Como nem tudo na
“cartilha do sucesso” pode ser contornado, as participações especiais dos
vocalistas de Dark Tranquillity, Soilwork e Dream Evil soam como pura jogada de
marketing, e não acrescentam muito ao resultado final. A produção também peca
às vezes pelo excesso de “polimento”, mal que aflige grande parte das bandas
atuais, porém não chega a comprometer ou deixar o disco “sem alma”
No fim das contas, Inner
Monster Out é a prova de que dá para se buscar sucesso comercial sem abrir mão
da qualidade, e que dá para imprimir um pouco de autenticidade mesmo em alguns
clichês da indústria atual, sem precisar ser chamada de “vendida” ou “comercial
demais”. E não me surpreenderei se Shadowside se estabelecer como nome
constante nos grandes festivais de Metal por aí.
Lucas Peixoto.
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