18 de março de 2013

Shadowside – Inner Monster Out (2011)

O heavy metal talvez seja o gênero musical com a maior “síndrome de underground” dentre todos os gêneros. Ser etiquetada como “vendida” ou “comercial demais” é a maldição de qualquer banda que comece a ganhar uma projeção maior do que tocar nos mesmos barzinhos de sempre da região. Com isso em mente, é bom deixar claro logo de início: ”Inner Monster Out”, terceiro álbum da banda de Santos-SP “Shadowside” é um disco voltado para o sucesso comercial. Todos os detalhes da produção seguem a cartilha de como vender bem no Metal moderno. Desde as participações especiais de nomes consagrados, passando pela produção limpa e polida, o grande trunfo de usar uma garota como vocalista, as guitarras em afinações baixa e os refrões “pula-pula”, tudo está lá, perfeitamente embalado e pronto pra exportação.

Mas, diferentemente da grande maioria de bandas que seguem esse caminho, o Shadowside consegue, em Inner Monster Out, um resultado de qualidade surpreendentemente boa. A começar pelo truque de usar uma “musa” como vocalista, a grande sacada é não partir para o lado operático/diva que muitas bandas usam por aí, os vocais aqui são agressivos, potentes e seguem muito mais a linha do metal tradicional, sendo o destaque extremamente positivo do disco. Os trabalhos na guitarra também merecem atenção, pois apesar do timbre e dos riffs mais “modernosos”, os leads e os solos têm uma pegada bem mais tradicional, que remetem aos nomes mais clássicos do heavy metal. A cozinha também é bem funcional e precisa, tanto o baixo quanto a bateria estão lá pra dar a sustentação e o peso necessários para o desenvolvimento das músicas, sem tirar ou competir espaço com as guitarras e os vocais, que são claramente os pontos focais da produção. Como nem tudo na “cartilha do sucesso” pode ser contornado, as participações especiais dos vocalistas de Dark Tranquillity, Soilwork e Dream Evil soam como pura jogada de marketing, e não acrescentam muito ao resultado final. A produção também peca às vezes pelo excesso de “polimento”, mal que aflige grande parte das bandas atuais, porém não chega a comprometer ou deixar o disco “sem alma”

No fim das contas, Inner Monster Out é a prova de que dá para se buscar sucesso comercial sem abrir mão da qualidade, e que dá para imprimir um pouco de autenticidade mesmo em alguns clichês da indústria atual, sem precisar ser chamada de “vendida” ou “comercial demais”. E não me surpreenderei se Shadowside se estabelecer como nome constante nos grandes festivais de Metal por aí.
 Lucas Peixoto.

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