1 de outubro de 2012

Gojira - L'Enfant Sauvage (2012)

No começo dos anos 2000, bandas como Meshuggah e Tool popularizaram os conceitos de polirritmia para o mundo do Metal, com andamentos complexos, constante mudanças no tempo da música, riffs “quebrados” que a cada vez que se repetiam mudavam de dinâmica, e sem uma estrutura de composição definida (verso-refrão-verso? nem pensar). Esses novos conceitos influenciaram uma legião de novas bandas, recebendo ou até se auto-intitulando com rótulos esdrúxulos como “math metal”, “technical metal” e “groove metal”. Algumas dessas bandas eram realmente boas e originais, outras claramente apenas pegavam carona na novidade.
Uma das bandas a se destacar nessa leva, os franceses do Gojira construíram uma carreira sólida, se distanciando do rótulo de “filhotes do Meshuggah” e construindo uma identidade própria, ganhando um certo renome dentro da vanguarda do heavy metal. Esse processo culminou com a banda assinando com uma grande gravadora (Roadrunner Records) e no lançamento de L’enfant Sauvage (2012).
Como sempre ocorre quando uma banda passa para uma gravadora maior e mais popular, havia uma expectativa em volta do lançamento de L’enfant Sauvage, pois muitas bandas quando passam por situação parecida acabam caindo no óbvio, perdendo a originalidade e diluindo a identidade da banda numa tentativa de se tornar mais “comercial”. Felizmente não foi o que ocorreu com o Gojira. Apesar de uma pequena reduzida na duração total do disco em relação aos discos anteriores da banda, a sonoridade e identidade da banda foi mantida, e o disco realmente soa como uma etapa da evolução natural na sonoridade deles.
L’enfant Sauvage conta com todos os elementos que tornaram a banda reconhecida, e mostra uma maturidade nas composições não só nas letras mas também nas ambientações e progressões das músicas. Estão lá os riffs de guitarra cheios de harmônicos e dinâmicas complexas, a sobreposição de vocais agressivos com vocais melódicos,e um sólido trabalho da cozinha, com destaque pra sonoridade “orgânica” da bateria, algo que muitas bandas similares acabam deixando de lado com baterias programadas por softwares de computador.
Sendo um dos principais representantes deste relativamente novo nicho do Metal, o Gojira mostra em L’enfant Sauvage que estão prontos para dar o próximo passo e almejar um maior sucesso comercial, sem abandonar sua identidade.

Lucas Peixoto.

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