15 de setembro de 2013

Amon Amarth – Deceiver of the Gods (2013)

Existem temas que são recorrentes em certos nichos do Heavy Metal. Desde que o Black Sabbath decidiu falar nas suas músicas sobre ocultismo e coisas sombrias em geral, toda banda que veio depois tinha a missão de adicionar letras que fizessem jus à seja lá o que fosse que abanda tivesse tocando. E muitas bandas conseguiram ser realmente peculiares na escolha dos assuntos. Como por exemplo, Cannibal Corpse e suas descrições nada sutis sobre mutilações. Ou a abordagem quase técnica que o Carcass usa para falar sobre dissecações e similares, que parecem até citações literais de livros médicos. Ou toda a primeira geração do Black Metal norueguês com sua cruzada anti-cristianismo, seja falando sobre satanismo ou paganismo. E é lógico que as mitologias não iriam escapar disso. Com altas doses de violência, sexo, ganância e traições, a mitologia pagã talvez fosse a mais atrativa, e aliada ao caráter épico da cultura viking em geral, não demorou a se tornar tema preferido das bandas escandinavas, que desde o começo dos anos 2000 invadiram com força o mercado fonográfico mundial.

De todas estas bandas, talvez uma das mais bem sucedidas seja o Amon Amarth. Incorporando todos os elementos culturais de sua terra natal ao som característico do metal sueco que o Entombed ajudou a forjar, a banda se tornou um dos grandes nomes do Metal da atualidade. E como toda banda mainstream, após tantos discos começou a cair no dilema do “mais do mesmo”, ao não conseguir manter o mesmo estilo dos álbuns clássicos sem soar repetitivo e manjado. É um mal comum, que muitas bandas gigantes também sofrem, e muitas não conseguem nunca mais sair, lançando sempre uma espécie de “auto-plágio” e se apoiando apenas no sucesso que o nome trás. Outras se perdem em ridículas tentativas de mudar de estilo ou incorporar novas tendências ao som, o que muitas vezes acaba saindo muito pior até do que o “auto-plágio”.
Com Deceiver of the Gods, o Amon Amarth conseguiu o que poucas bandas nesta situação conseguem, que é lançar um material novo com qualidade, com quantidade suficiente para agradar aos fãs mais tradicionais, mas com toques de “ar fresco” suficiente para impedir de soar como mais uma reciclagem. O grande destaque e o toque que deu todo um sabor diferente ao álbum aparece logo nos primeiros segundos após apertar o play: as guitarras harmonizadas, ao melhor estilo Iron Maiden, aqueles trechos que já te fazem imaginar uma plateia lotada cantarolando junto.
É impressionante notar como um simples detalhe, se usado com ponderação e bom senso, pode elevar um trabalho do mediano ao ótimo. E é exatamente isso que ocorre no disco, usando todos os elementos que se tornaram marcas registradas da banda, como os refrões marcantes, o groove dos riffs e as letras épicas, e adicionando as ocasionais guitarras harmonizadas, o resultado foi um disco revigorante e uma lufada de ar fresco na discografia da banda, que deixa claro que ainda tem muita lenha pra queimar.

Lucas Peixoto.

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