Muita coisa acontece em 35 anos. Muitos dos mais ávidos fãs
desta gloriosa banda nem sequer estavam vivos há 35 anos atrás. E foi esse o
período de tempo que demorou para o Black Sabbath voltar lançar um disco com
músicas inéditas com sua formação (quase) original. Não há palavras suficientes
capazes de descrever o tamanho da expectativa que um acontecimento deste
tamanho carrega. Afinal, estamos falando de uma das mais lendárias bandas da
história da música, e talvez “A” mais importante banda de todo o segmento do
heavy metal. E todo o dramalhão envolvendo a saída do baterista Bill Ward do
projeto, só serviu pra aumentar as especulações sobre o resultado final da
empreitada.

O que falar dos riffs de Iommi? Simplesmente geniais, como
sempre foram, desde o primeiro minuto do primeiro álbum. Ninguém arquiteta a
sonoridade sombria e maquiavélica do jeito que o mestre Iommi faz. A cadência,
o peso e a dissonância causam aqueles arrepios na espinha, os mesmos desde a
primeira vez que escutei o riff inicial de “Iron Man” pela primeira vez, lá com
meus 12 anos.
Geezer Butler é outro monstro. Privilegiado por um bom
trabalho da produção, que deixou seu baixo destacado no álbum, Butler espanca
suas 4 cordas com a avidez de um homem das cavernas atacando sua presa com um
pedaço de osso. É a melhor lição para muitas bandas atuais, que na ânsia por
tocar mais alto e mais distorcido, deixam as graves freqüências do bom e velho
baixo se perderem na mixagem.
Ozzy Osbourne era uma das incógnitas. Apesar de sua voz
inconfundível ser elemento fundamental dos álbuns clássicos da banda, os
últimos trabalhos do Madman tinham sido sofríveis, com muitos efeitos na sua
voz na tentativa de maquiar os problemas que o tempo trouxe. Mas não foi o que
aconteceu em “13”. Sua voz soa direta, sem exageros e reconhecendo todas as
limitações técnicas, tangível e orgânica, e acima de tudo, nostálgica!
Talvez a maior das incógnitas ficou por conta das baquetas.
Brad Wilk, do Rage against the Machine, foi colocado na fogueira de substituir
o lendário Bill Ward. E acabou se saindo bem. Reproduzir a insanidade dos
espancamentos que Ward promovia nos discos há 40 anos atrás seria pedir muito
até para o próprio Ward. Em “13”, Wilk adota uma postura mais sóbria, mais
”arroz e feijão”, demonstrando bastante
respeito pelo legado de Ward, e deixando mais espaço para as outras lendas
fazerem seu trabalho.
Em muitos momentos, algumas músicas te deixam com aquela
sensação de “déjà vu”, quase que um “auto-plágio”, mas que só aumenta o
sentimento de nostalgia que o álbum imprime. Guardada todas as proporções, “13”
é mais um grande trabalho (talvez o último) para entrar no hall de uma das mais
lendárias discografias da história da música.
Lucas Peixoto.
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